Por que as ações da Petrobras estão caindo?

Nos últimos dias, o mercado tem reagido de forma intensa à queda nas ações da Petrobras, que chegaram ao patamar de R$ 31,85. Muitos investidores começaram a se perguntar:
“Petrobras virou a barganha do século ou é uma cilada?”

A resposta exige calma e análise. Antes de sair comprando, é essencial entender o contexto macroeconômico, os fundamentos da empresa e sua política de pagamento de dividendos. Vamos mergulhar nesses pontos.


Petrobras está barata? Veja os múltiplos

A Petrobras realmente está sendo negociada abaixo de suas médias históricas, tanto em termos de preço/lucro (P/L) quanto de EV/EBITDA. Além disso, a empresa distribuiu um caminhão de dividendos nos últimos 12 meses.

Mas, como em qualquer investimento, preço não é tudo. É preciso analisar o que está por trás dessa queda.


A correlação direta: Preço do petróleo vs. cotação da Petrobras

A Petrobras é uma empresa altamente dependente do preço do barril de petróleo, especialmente do Brent, referência global. Veja só:

  • Quando o Brent estava a US$ 110-120 em 2022, a empresa registrou lucros recordes e altos dividendos.
  • Já em 2020, com o barril a US$ 20, os lucros despencaram e os dividendos praticamente desapareceram.

Atualmente, o Brent está em torno de US$ 65, resultado de instabilidades geopolíticas e guerra comercial entre EUA e China.


Como o preço do Brent impacta os dividendos da Petrobras?

A política de dividendos da Petrobras segue uma fórmula clara:

Fluxo de Caixa Livre – Capex × 45% (payout mínimo)

Ou seja, quanto mais a empresa gera de caixa e menos investe, mais ela pode distribuir aos acionistas. Veja uma simulação:

Preço do Brent Fluxo de Caixa (US$ bi) Dividendos (US$ bi) Dividendos (R$)
US$ 80,76 (2024) 37,9 8,8 R$ 4,20 aprox.
US$ 65 (atual) 30,5 5,4 R$ 2,41 aprox.
US$ 50 23,5 2,3 R$ 1,00 aprox.
US$ 40 18,8 0,1 R$ 0,10 aprox.

Ou seja, com o barril a US$ 50 ou menos, a Petrobras provavelmente pagaria apenas o dividendo mínimo obrigatório de R$ 1 por ação.


Custo de produção: A vantagem da Petrobras

Um ponto muito positivo para a empresa é seu baixo custo de extração, principalmente devido ao pré-sal. Veja a comparação:

  • Petrobras: ~US$ 6,30 por barril
  • PetroReconcavo: ~US$ 14
  • 3R Bravo: ~US$ 17

Essa eficiência torna a Petrobras mais resiliente em momentos de baixa no petróleo.


Endividamento: Outro fator a considerar

Apesar de sua escala, a Petrobras tem um nível de endividamento controlado:

  • Dívida líquida/EBITDA: 1,29x
    Esse valor está acima de algumas concorrentes, mas ainda em patamar administrável.

Vale a pena comprar Petrobras agora?

A resposta é: depende do seu perfil de risco e horizonte de investimento.

Pontos a favor:

  • Preço atrativo
  • Baixo custo de produção
  • Política clara de dividendos
  • Forte geração de caixa com Brent acima de US$ 70

Pontos de atenção:

  • Brent em queda pode reduzir lucros e dividendos
  • Riscos políticos e intervencionismo estatal
  • Volatilidade cambial e externa

E se o petróleo voltar a subir?

É aqui que muita gente vê a oportunidade: se o Brent voltar a US$ 80 ou mais, a Petrobras pode voltar a entregar dividendos elevados, além de possível valorização na cotação.

Mas lembre-se: tudo depende de variáveis fora do controle da empresa — como conflitos internacionais, decisões da OPEP e demanda global por petróleo.


Conclusão: Oportunidade ou armadilha?

A Petrobras continua sendo uma das maiores e mais eficientes petroleiras do mundo. O momento atual é desafiador, mas não necessariamente definitivo.

Se você acredita que o preço do petróleo vai se recuperar, a Petrobras pode sim ser uma excelente oportunidade de médio/longo prazo.
Mas se o cenário continuar pressionando o barril para baixo, o mercado pode seguir penalizando a ação.


Dica final:

Antes de investir, entenda o modelo de negócio da empresa, estude sua capacidade de gerar caixa, e acompanhe de perto o cenário global do petróleo.

By João Vitor Moret

Nascido e criado na comunidade da Vila Vintém, no Rio de Janeiro, comecei minha jornada no mercado financeiro aos 30 anos, com o desejo de mudar minha realidade e conquistar a independência financeira. Ao longo dos anos, dediquei-me intensamente aos estudos e à compreensão do mercado financeiro brasileiro, o que me permitiu alcançar resultados significativos. Hoje, com mais de seis anos de experiência na B3, posso afirmar que o esforço, a disciplina e o aprendizado constante transformaram minha vida de maneira impressionante. Atualmente, estou me preparando para obter a certificação CNPI, o que ampliará ainda mais meu conhecimento e habilidades no mercado financeiro. Através do meu blog, *Bolsa em Resumo*, compartilho não apenas minhas experiências, mas também informações e análises atualizadas para ajudar outros investidores a entenderem as nuances do mercado, tomarem decisões mais informadas e aprimorarem suas estratégias. Minha trajetória é um reflexo de que, com dedicação e estudo, é possível transformar a realidade, independentemente das circunstâncias de onde você vem. Hoje, sou um exemplo de como a persistência e a educação financeira podem ser os pilares para a construção de um futuro mais próspero e estável.

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