A CSN Mineração (CMIN3) divulgou seu balanço do 1º trimestre de 2025 com números que surpreenderam o mercado: prejuízo contábil de R$ 357 milhões, crescimento de produção, queda de custos, fluxo de caixa positivo e proventos anunciados. Um verdadeiro quebra-cabeça que exige uma análise cuidadosa.
Lucro operacional forte, mesmo com prejuízo no trimestre
Apesar do prejuízo reportado, o destaque do trimestre foi a redução significativa nos custos de produção, que saíram de R$ 23,50 por tonelada para R$ 21,00 por tonelada. Isso foi essencial para segurar a rentabilidade da operação em um cenário de volatilidade do minério de ferro.
A queda do minério, que já esteve acima de US$ 200 por tonelada, também impactou o desempenho, mas a eficiência operacional da empresa ajudou a compensar parte desse efeito.
Volume recorde e aumento na geração de caixa
A produção cresceu 11,5%, e as vendas aumentaram 5,4% em relação ao mesmo trimestre de 2024. Apesar da queda de 10,2% frente ao 4T24, a empresa atingiu um novo recorde de vendas para o período.
Com isso, a receita líquida saltou de R$ 2,8 bilhões para R$ 3,4 bilhões, sustentando uma geração de caixa livre de R$ 546 milhões, o que possibilita a distribuição de proventos mesmo em trimestres negativos.
Por que a empresa teve prejuízo?
O prejuízo contábil foi causado principalmente por variações cambiais negativas, que geraram um impacto de R$ 1 bilhão no resultado. Isso se deve à apreciação do real frente ao dólar, afetando diretamente o caixa dolarizado da empresa.
Esse efeito, porém, é não-caixa e não compromete a saúde financeira da CSN Mineração, que segue com uma geração operacional robusta.
Caixa forte e dívida sob controle
A empresa possui um caixa de R$ 14,3 bilhões, o que representa 44% do seu valor de mercado. Mesmo quitando toda sua dívida, ainda sobra R$ 4 bilhões em caixa, deixando claro que o risco financeiro é muito baixo.
Dividendos confirmados: 23 centavos por ação
A CSN Mineração anunciou R$ 1,3 bilhão em proventos, divididos entre:
- R$ 1,09 bilhão em dividendos (R$ 0,20 por ação)
- R$ 210 milhões em JCP (R$ 0,03 por ação)
Após o desconto de IR, o investidor receberá R$ 0,23 por ação, com data-com em 12 de maio e pagamento até 31 de dezembro.
Com base na cotação atual, isso representa um dividend yield de 4% em uma única tacada, com perspectiva de novos proventos até o fim do ano.
Comparação com a Vale e desafios de qualidade
Apesar dos bons resultados operacionais, a CSN Mineração enfrenta desvantagens competitivas frente à Vale, como:
- Minério de qualidade inferior
- Maior umidade
- Custos extras com frete e beneficiamento
Por isso, enquanto a Vale realiza vendas por até US$ 90 por tonelada, a CSN Mineração fica próxima de US$ 62, o que limita seu potencial de margem.
Investimentos e crescimento futuro
A empresa investiu R$ 377 milhões no trimestre, com foco em:
- Manutenção e continuidade operacional
- Projetos de expansão até 2028–2029
- Melhoria na qualidade do minério extraído
Esses investimentos são estratégicos para aumentar o preço realizado por tonelada e expandir a produção nos próximos anos.
O que esperar das ações da CSN Mineração?
Apesar do prejuízo contábil, a empresa segue gerando caixa, tem baixa alavancagem, custos sob controle, e perspectiva de crescimento. No entanto, o mercado já precificou grande parte das boas notícias: a ação subiu 100% desde o fundo e descolou do preço do minério.
O investidor precisa ter cautela para não pagar caro demais, pois movimentos de euforia já se mostraram perigosos no passado — como vimos em 2021 e 2024, quando a cotação devolveu toda a alta.
Para quem busca dividendos, segurança financeira e está de olho em bons pontos de entrada, o papel abaixo dos R$ 5,00 pode ser uma oportunidade interessante de longo prazo.